Felizmente, o interminável mês de agosto nos rendeu alguns álbuns para apreciarmos. E, como de costume (nem tanto, pois dei uma sumida), vou listar os lançamentos que mais gostei para indicar a vocês!
P.S.: Como a intenção deste post não é explorar a fundo cada álbum, apenas deixarei algumas opiniões e as minhas três faixas em destaque para cada um deles.
CAJU - Liniker
Vou começar falando sobre ninguém mais ninguém menos que Liniker: ela sabe fazer história! Acredito que, no Brasil, o grande lançamento do mês - e talvez do ano - tenha sido o álbum "CAJU".
O disco chegou a impressionantes 6 milhões de plays em menos de 24 horas após o lançamento, e 13 das 14 faixas de "CAJU" entraram no Top 100 de músicas mais tocadas do país no Spotify – o que é outro feito absurdo, considerando que a maioria dos álbuns hoje em dia têm, no máximo, 10 canções.
Vale lembrar também que, numa era em que os singles e a música digital dominam as paradas, a cantora paulista chegou ao Top 20 de artistas mais ouvidos do Brasil no Spotify com um álbum que foi gravado de maneira analógica.
Com uma mistura de ritmos, poesias, convidados e experimentações, o resultado do álbum é simplesmente intocável. Com um pouco mais de uma hora, é fácil perceber que “CAJU” é diverso, orquestral, pagode, MPB, soul e disco, house e R&B - um mix que representa as muitas partes dessa grande artista chamada Liniker. Não adianta, ela é mesmo uma “popstar”!
Faixas em destaque: VELUDO MARROM, FEBRE e CAJU.
Grande - Iza Sabino
Outro grande lançamento foi o álbum "Grande", da rapper Iza Sabino. Com 12 faixas, o disco explora temas como amor-próprio, responsabilidade afetiva e cura, além de contar com colaborações poderosas de artistas como Luedji Luna, MC Luanna e Djonga.
As músicas possuem letras incríveis, com uma canetada atrás da outra. Rimas potentes, ótimo flow e, principalmente, uma excelente sequência ao longo do disco. O álbum também apresenta uma diversidade de ritmos que demonstra a grandeza de Iza Sabino na cena.
Particularmente, o interlúdio com os relatos dos pais de Iza sobre sua infância foi o ponto alto, trazendo ainda mais significado ao álbum. Sensacional!
Faixas em destaque: As Preta Primeiro, O Final é o Mesmo e Me Balança Toda.
Revenge - Muni Long
Depois de ganhar um Grammy de melhor performance de R&B com seu hit de R&B/pop de 2022 "Hrs and Hrs", Muni Long aproveitou o penúltimo dia do mês para voltar e lançar seu novo álbum, "Revenge". O segundo álbum da cantora já chegou com dois hits nas costas: "Made for Me" e "Make Me Forget".
Particularmente, acho esse álbum o puro suco do R&B, apesar de explorar melodias cheias de soul e hip-hop. Os vocais poderosíssimos da cantora são um prato feito para quem aprecia uma boa música.
No geral, "Revenge" oferece uma boa amostra da evolução de Muni Long, retratando sua luta contra a perda conjugal, o engano e a solidão e, finalmente, abraçando a ideia de que seu sucesso e felicidade são as formas máximas de vingança.
Faixas em destaque: The Baddest, Made For Me e Superpowers.
Quantum Baby - Tinashe
Aqui temos o mais recente álbum completo da cantora Tinashe. Ano passado, ela lançou de forma independente um excelente disco/mini-álbum "Baby Angel", que eu senti que foi um dos seus projetos mais criativos e narrativamente conceituais até agora, onde ela estava claramente se tornando mais uma artista independente.
Situando esse fato justamente porque, ao que entendi, "Baby Angel" foi o começo do que é uma trilogia em andamento, da qual "Quantum Baby" supostamente é a segunda parte.
Talvez isso justifique também o fato do álbum ter apenas 22 minutos, contando com oito músicas. Apesar de eu ser do time que gosta de um álbum mais trabalhado e extenso, acho que foi o tempo ideal para não ficar algo muito saturado também.
E esse projeto também contém o que é realmente seu maior e mais viral hit até agora. "Nasty" é uma faixa cuja música e letra realmente tomaram a internet nos últimos meses, contando com mais de 135 milhões de reproduções no Spotify.
No geral (e para ser sincera), eu achei que "Baby Angel" foi muito mais consistente em termos de entregar ótimas faixas do começo ao fim, mas não tira o fato de que "Quantum Baby" é um ótimo álbum.
Faixas em destaque: Cross That Line, No Broke Boys e Thirsty.
Trouble in Paradise - Chlöe
"Trouble in Paradise" é uma amostra da força de Chlöe como uma verdadeira rainha do canto. Aliás, sonoramente, esse álbum é melhor do que a estreia - que ficou esquecida no churrasco. Contudo, infelizmente, muito do material, como "In Pieces", parece meio vazio e incoeso.
Em minha humilde opinião, a maioria das músicas em si estão muito boas, mas o álbum como um todo deixa um pouco a desejar. O que posso dizer, de um modo geral, é que o lirismo, a energia e a proeza vocal brilham bem mais neste projeto do que o conjunto da obra. O álbum é basicamente sobre saborear o presente da juventude, enquanto ela tece e mistura gêneros de qualquer maneira para criar um som R&B.
Em um press release, Chlöe se abriu sobre o que o projeto de 16 faixas significa para ela, dizendo:
“Este projeto é realmente sobre escrever meus problemas no paraíso. A água e a tempestade que se forma simbolizam minhas emoções e como elas mudam como o clima. Eu queria que este projeto fosse divertido e, embora haja altos e baixos, é uma viagem divertida e selvagem como uma aventura de verão: imprevisível, emocionante e nova.”
Faixas em destaque: Same Lingerie, Temporarily Single e Want Me.
EPIFANIA - Cristal
"Epifania" contém 11 faixas e conta com muito groove da black music e sobretudo o balanço do soul e do funk. O álbum traz participações de nomes como Paulo Dionísio, Bira Mattos, Duda Raupp e Fredi Chernobyl.
Vale lembrar que Cristal é uma rapper gaúcha que sempre procurou dar visibilidade à negritude do sul do Brasil, muitas vezes minimizada ou mesmo apagada do mapa musical do país.
Acredito que o álbum seja extremamente envolvente pela riqueza de ritmos, arranjos melódicos e a baita produção. A escolha de batidas, em contraste com versos contundentes, dá ao álbum uma sensação de fluidez e intensidade.
Faixas em destaque: REDIAL, IMAGEM E SOM e OBRIGADA BLACK.
Por hoje é só! Confesso que todos os álbuns têm músicas que não saem do meu repeat, mas "CAJU" é um marco na história da música contemporânea. Alguns amigos me pediram o review oficial desse álbum, e saibam que ainda irei fazer!
Por fim, destaco também uma excelente surpresa: o lançamento do álbum ao vivo do MC Hariel, "Funk Superação". Ele reuniu um time de peso de MCs e ícones da música nacional, incluindo Gilberto Gil, Iza, Péricles e Ice Blue. Com arranjos de orquestra ao vivo, o artista aborda, ao longo de 14 faixas, a realidade das ruas brasileiras e a resiliência diante das adversidades. Incrível!
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