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Ela tem o molho! Dona do hit “Water”, Tyla lança seu primeiro álbum de estúdio




Se você, assim como eu, é usuário assíduo do TikTok, com certeza ouviu o hit “Water”, que viralizou na plataforma em 2023 e entrou nas paradas de vários países, incluindo o Reino Unido e os Estados Unidos. Foi com essa música que Tyla foi colocada no mapa e se tornou uma grande promessa da indústria musical.


Aliás, esse sucesso foi a primeira música de uma solista sul-africana a entrar na Billboard Hot 100 em 55 anos, desde “Grazing in the Grass” de Hugh Masekela em 1968. A música também foi premiada com o Grammy em fevereiro deste ano, na estreia da categoria Melhor Performance de Música Africana. Claro, como de costume do Grammy também, em categorias destinadas a artistas como ela que estão em ascensão (ou estão fora da indústria norte-americana, convenhamos…) 


Atualmente, Tyla é considerada uma das artistas mais inovadoras da música africana (e mundial), com uma voz doce e uma personalidade única. A verdade é que, se você não conhecia, com certeza ainda vai ouvir falar muito dela pelo mundo.


Quando ouvi a artista pela primeira vez e pesquisei mais sobre ela, fiquei completamente fascinada pelo seu jeito de cantar e dançar - uma artista completa, de verdade. Me lembrou uma vibe dos anos 2000, como Britney Spears fazia ou o próprio grupo Destiny's Child. Personalidade, carisma e talento. Tudo muito perceptível.


Hoje, a artista lançou seu primeiro álbum, esse no qual eu estava completamente ansiosa para ouvir completo. Digo isso porque ela lançou um EP antes do álbum com as faixas “On and On", "Truth or Dare" e "Butterflies", além da versão remixada (desnecessária) do hit “Water” com o rapper Travis Scott, seu parceiro de gravadora.


Segundo Tyla, esse é um “álbum experimental”, e é claro que eu não poderia deixar esse momento passar em branco, afinal, eu aposto muitas fichas no sucesso mundial dessa artista de apenas 22 anos. Tyla, eu te amo!


Tyla by Tyla


Confesso que eu já estava viciada nas faixas que foram lançadas antecipadamente, mas, se eu já esperava um álbum sensacional, eu consegui me surpreender ainda mais. Achei sensacional o jeito com que ela uniu música popular africana, amapiano e uma mistura de pop, hip hop e R&B sem perder o ritmo do álbum. As músicas casam entre si e tornam a experiência do ouvinte bastante prazerosa. 


Mas vamos ao que interessa! Como o álbum foi lançado hoje (estou escrevendo isso dia 22 de março de 2024), eu ainda não tive tempo para ouvir as minúcias de todas as músicas, mas já escutei o álbum oito vezes até o presente momento.


Intro (feat. Kelvin Momo)


Para ser sincera, fiquei pensando se colocaria aqui a introdução de 41 segundos, mas, já que ela faz parte do álbum, cabe aqui meu breve comentário. Eu simplesmente não entendi essa introdução de Kelvin Momo; parece que foi colocada sem motivo algum. Porém, a sequência é tão boa que faz esse breve começo passar quase que despercebido.



Safer


Isso que é uma abertura viciante! O álbum já começa pegando fogo com essa faixa completamente envolvente. Os primeiros segundos já me fizeram ter certeza de que Tyla é muito rápida em lançar hits com refrões cativantes. 


A música introduz uma sensação de euforia enquanto ela reconhece a sedução de um novo relacionamento, ao mesmo tempo que também sabe seu potencial de causar dor, em comparação com experiências passadas. Essa dualidade está envolvida no sentimento de se apaixonar por alguém, o que é assustador, especialmente quando relacionamentos anteriores deixaram alguns traumas. 



Water


Essa dispensa longos comentários. A música é um sucesso total! Independentemente de ter sido tocada até a morte, essa continua na minha playlist diária, não tem como escapar. Não foi à toa que já rendeu um Grammy e quase 500 milhões de reproduções no Spotify. Diva faz assim!



Truth or Dare


“Truth or Dare” é um dos singles e fala de uma narrativa de negligência passada e interesse recém-descoberto. Seu som enérgico contrasta com a letra relacionada a uma “luta romântica” - talvez uma insegurança reforçada pelo single, principalmente nos versos “Vamos brincar de verdade ou desafio / Desafio você a esquecer que me tratava como qualquer outra pessoa” e “Verdade ou desafio / É verdade que você se importa agora que pode ver o amor de todos?”. 


Confesso que essa é uma das minhas favoritas, TOP3 com certeza! A faixa tem tudo que é necessário para um hit: letra, refrão envolvente e batida cativante.



No.1


Em parceria com a artista Tems, que é uma cantora, compositora e produtora musical nigeriana, “No. 1” surge para entregar uma das melhores músicas do álbum. Além da batida e melodia envolvente, a faixa tem todo um sabor mais empoderado (que é possível perceber em várias letras do álbum, aliás).


Nos versos “Tenho que priorizar, não mais me comprometer / Eu tenho que me colocar em primeiro lugar” ela confirma a narrativa que parece levar o álbum. Há uma tendência de empoderamento e autoestima por parte de Tyla, que reconhece seu valor como independente de um relacionamento inconstante. 



Breathe Me


"Breathe Me" chega para ser - talvez - a mais caliente desse álbum. Com sua melodia um pouco mais lenta e aproximando-se bastante do que estamos acostumados no R&B, a música se torna completamente envolvente. A letra também é bastante ousada - mas isso já estávamos acostumados depois de “Water”.


Eu simplesmente amei as partes em que ela suspira e traz todo um toque especial para a música, que justamente fala sobre “me respirar”. Essa foi uma das minhas favoritas também, confesso. Já quero o clipe!



Butterflies


A faixa “Butterflies” já me era familiar também, pois também lançada antes do álbum completo. A música rompe totalmente com o ritmo do disco, deixando de lado o amapiano e o pop. Em vez disso, ela mergulha no território do que me parece um indie-folk. A falta do beat marcante e melodia simples faz com que essa seja uma linda música sobre amor e uma luta interna entre a cabeça e o coração.


A metáfora central da música, as 'borboletas', é bem comum de ser associada à sensação de nervosismo e excitação que surge no início de um relacionamento amoroso. No entanto, Tyla vai além, descrevendo uma relação que, embora intensa e emocionante, é também marcada por enganos e mentiras. 



On and On


Outra que eu já conhecia e sou completamente apaixonada! Sendo uma das minhas favoritas (sim, também), “On and On” captura a essência de uma noite despreocupada com sua letra que expressa o desejo de escapar da rotina e reviver a emoção de festas passadas. 


Mais uma vez, ressurge a ideia de letras com mais autoestima, independência e empoderamento. Eu, particularmente, tenho vontade de sair dançando sem pensar no amanhã. “I just wanna dance all night, yeah”



Jump


Com participações dos rappers Gunna e Skillibeng , “Jump” muda as batidas para algo parecido com dancehall, que é um gênero musical e uma dança popular jamaicana criado no fim da década de 1970. Tenho certeza que essa vai tocar muitos nas pistas ao redor do mundo!


A única coisa que me deixou um pouco com gosto de “poderia ser mais”, é que Skillibeng canta apenas na introdução e no final da música, o que é um pouco decepcionante, pois ele poderia ter feito mais com a música que já é relativamente curta.


Apesar disso, a faixa ganha um teor mais significativo por destacar sua cidade natal, como podemos ver nos versos “De Jozi a Ibiza, dizem que não existe coisa mais doce”, ao mesmo tempo em que pode ser vinculada à sua beleza. “Eles nunca tiveram uma garota bonita de Joanesburgo”, ela explica nas primeiras linhas. “Veja-me agora, e é isso que eles preferem” . 


Tyla me parece extremamente confiante e no controle desta faixa. Ela sabe muito!



ART


Essa faixa é uma que segue um caminho semelhante a “Water”, com o mesmo tom, mas ainda assim com algumas pegadas diferentes. 


“ART”, exclusivamente, veio acompanhada de um clipe em seu lançamento. E, sinceramente, eu não me canso de dizer o quanto ela é verdadeiramente uma promessa em desenvolvimento. Ela consegue transitar entre diferentes ritmos sem perder a sua essência na música. Talento de sobra!



On My Body


A faixa “On My Body” apresenta a cantora mexicana Becky G. Em seu verso, a artista latina torna as coisas brilhantemente bilíngues, alternando sem esforço entre espanhol e inglês enquanto comanda sua participação especial. 


Acredito que essa faixa prove ainda mais a influência de Tyla como uma força global. Gostei muito do desenvolvimento e da batida dessa música.



Priorities


Assim como “Butterflies”, a faixa “Priorities" parece que vai fazer um movimento semelhante, mas em vez disso mistura os dois mundos, embaralhando as batidas e voltando lentamente até que assumam o controle da peça mais uma vez. 


É uma mistura de emoções, porque ela começa "triste" e depois vira algo bem dançante. Gostei muito.



To Last


Terminando com 'To Last', fiquei impressionada com todos os vocais sussurrados e os sintetizadores fortes e, ao mesmo tempo, suaves. Aqui, para mim, fica claro que estamos testemunhando o início de algo muito especial.



Water - Remix


Bom, como tudo na vida, não dá para ser perfeito! Eu achei esse remix com o Travis Scott completamente desnecessário. Não achei que ficou bom, mas talvez seja porque me acostumei a ouvir a faixa na versão original. Me incomodam um pouco as quebras de ritmo.


Confesso que, como já havia escutado antes, eu não estava nada ansiosa para chegar na parte final do álbum. Mas, enfim, para quem gosta, essa é a faixa que encerra o álbum Tyla. Para mim, ele acaba com “To Last”.




A artista por trás do álbum


Tyla Laura Seethal é uma cantora e compositora nascida em Johanesburgo, na África do Sul. Sua família tem ascendência maurícia, irlandesa, indiana e zulu. Sua história com a música começou aos 12 anos, quando escrevia letras em seu diário. Sempre que tinha oportunidade, se apresentava em sua escola durante o ensino médio. Porém, começou de fato sua carreira musical postando covers e composições originais em sua conta no Instagram e enviava o link a figurões da indústria musical. 


Seu single de estreia, “Getting Late”, com produção de Kooldrink, foi lançado em 2019 e fez sucesso nacional. O videoclipe da música foi indicado ao South African Music Awards em 2022. Já em 2021, ela assinou contrato com a gravadora Epic Records nos Estados Unidos, se tornando a primeira artista sul-africana a fazer parte da gravadora. E, no mesmo ano, fez parte da trilha sonora da série “Sangue e Água”, da Netflix, com”Overdue”.


Em sua sonoridade, Tyla mistura pop, R&B e afrobeats. Segundo ela, nomes como Aaliyah e Rihanna são suas referências musicais.



Sim, ela tem o molho!


Sendo honesta, o álbum de estreia de Tyla pode não ser perfeito, mas é perfeito para ela (e para mim). 


O que eu mais amei nesse álbum é o quão confiante ela parece nele, além das batidas impecáveis, é claro. Certamente pode-se dizer que há uma identidade clara e um conhecimento de quem ela é. E eu amo como ela realmente se incorporou à cultura sul-africana com esse disco afrobeat. Aliás, Sammy Soso cuida da maior parte das batidas deste projeto, o que ajuda na excelente coesão, mesmo que algumas músicas caiam em outra rota.


Como uma introdução à arte de Tyla, esse primeiro passo cumpre o seu propósito. Oferece uma visão de seu estilo único e da direção que pretende levar sua música. A verdade é que, com tempo e experiência, Tyla pode refinar seu som, experimentar novas ideias e criar músicas que façam ela se estabelecer como uma grande artista.



Nos últimos anos, o som R&B/Amapiano (ou Afrobeats) que a artista incorporou tem feito muito sucesso no mainstream. O cenário em constante mudança da música popular também mudou, deixando espaço para sons novos e inovadores. Com seu talento inegável e estilo vocal único, muitos acreditam, assim como eu, que ela tem potencial para conquistar totalmente o gênero. Falo isso, mas imagino que a pressão para se tornar a próxima grande estrela do pop está, sem dúvida, pesando sobre os ombros dela.


Por isso, é importante lembrar que este é apenas o começo da carreira de Tyla e que há muito espaço para crescimento e melhoria. Apesar de eu apostar muitas fichas no sucesso dela, só o tempo dirá se ela estará à altura desse desafio e se tornará essa superestrela que muitos acreditam que ela pode ser.


Por fim, seu álbum de estreia serve como uma introdução promissora a um artista com imenso potencial, reacendendo seu senso de autoestima nas faixas apresentadas. A queima lenta do amapiano com a mistura de Afro, deep house, jazz e kwaito, estabelece as bases para Tyla ser tão diferenciada.


Resumindo, foi uma estreia incrível que vai se repetir bastante, se Deus quiser. 


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